sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Volta

Meu nome continua não sendo Abelardo. Vamos deixar isso bem claro antes de retomar qualquer postagem. Depois da novela, com toda aquela história do meu xará que dormia enquanto a esposa se divertia, este mal-entendido diminuiu sensivelmente mas tem gente que ainda cantarola a música do chacrinha toda vez que me encontra. Mas tudo bem, mesmo com todos os inconvenientes de se chamar Abel, meu nome podia ser bem pior.

http://www.sonhosbr.com.br/5783/nomes-muito-bizarros

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O Vício

EXT. FRENTE CANTINA ESPM NOITE.

Câmera Lenta. Alguma música melancólica de Tom Waits na tri-lha. Mão de ABEL segura uma caixa de Mentos. A mão retira so-lenemente o plástico que cobre a caixa. O polegar abre a cai-xa. Uma mão vira a caixa sobre a outra em concha, um Mentos de morando salta da caixa para a mão. A mão leva o Mentos até a boca. A caixa é fechada e é levada até o bolso da camisa. Se-gundos depois a mão pega a caixa novamente.

ABEL
(OFF)
O bolso da camisa é o abrigo de muitos de nossos vícios. Para alguns é cigarro. No meu caso, Mentos.

Plano Geral. Um grupo de pessoas conversando. Abel comendo Mentos disfarçadamente, um atrás do outro. As vezes conversa com alguém. Não se escuta o que é dito. A medida que a narração evolui, a cara de Abel fica mais perturbada, até que ele sai de quadro na surdina.

ABEL
(OFF)
Será que eles sabem? Eu sei que sa-bem. Abutres! Devem estar pensando em algum tipo de plano pra roubar a minha caixa de Mentos. Eles se comu-nicam por telepatia. Riem da minha cara por trás de comentários inofen-sivos sobre futebol. Eles sabem que não podem pedir. Só conseguem um Mentos de mim a força. Eu nunca vou me render. Nunca.

INT. SALA DE AULA. NOITE.

Tudo vazio. Abel entra, fecha a porta. Se esconde embaixo de uma mesa. Despeja muitos Mentos na mão e engole tudo de uma vez. Entra em um transe, desmaia em um êxtase.

ANIMAÇÃO. DELÍRIO DE ABEL.

Milhares de Mentos ganham a tela e formam um cenário psicodé-lico, com luzes piscando na cor de cada sabor de Mentos. Os Mentos formam uma cara sorridente.

INT. SALA DE CINEMA NOITE.

Abel dormindo com uma cara feliz. Segura uma caixa de Mentos na mão. A NAMORADA tenta pegar a caixa e acorda Abel.

ABEL
Que foi?

NAMORADA
Me dá uma bala.

ABEL
Não.

NAMORADA
Por favor!

ABEL
Não! Comprasse pra você.

NAMORADA
Você não pode estar falando sério!

ABEL
Baby, você pode me pedir qualquer coisa. Menos isso.

NAMORADA
Me dá essa porra dessa bala ou a gente termina.

INT. APARTAMENTO ABEL DIA

Abel chorando muito. O plano abre e mostra que ele assiste uns vídeos de Mentos explodindo Coca-Cola no youtube.

INT. SALA DE REUNIÃO DIA

Um ambiente limpo, uma mesa grande de vidro. O ENTREVISTADOR olha o portfólio de Abel sem reação. Abel está nervoso. Faz um gesto na direção do bolso da calça. Uma visão interna do bolso mostra uma caixa de Mentos. O Entrevistador termina a sua ava-liação.

ENTREVISTADOR
Gostei do seu trabalho. O que você acha de trabalhar com a gente.

ABEL
Puxa. Seria excelente.

ENTREVISTADOR
O que você acha de 2000?

ABEL
Tá. Mas eu quero em Mentos.

ENTREVISTADOR
Hein?

ABEL
Você quer que eu faça anúncio de va-rejo. Vai ter que comprar Mentos no atacado.
Abel pega um Mentos na caixa e engole triunfante.


FIM.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Day 01

Tem uma porrada de coisa errada no meu nome. Imagina passar a vida toda com gente te perguntando cadê o Caim? E tem sempre alguém que lembra do Abel da turma do Ursinho Puff. Sem falar que o meu nome é um oceano de possibilidades para a construção de trocadilhos bizarros. Mas nada disso me incomoda. OK. Incomoda um pouco.
O que me tira do sério é a quantidade absurda de ligações acidentais que eu recebo no celular. E o que isso tem a ver com o meu nome? Simples: A B E L. Eu sou a primeira pessoa na agenda do celular de todos os meus amigos. Acompanha o raciocínio. O cara chega no cinema e aparece aquele aviso para desligar os celulares e Bips (como se alguém ainda usasse um Bip). Mesmo assim, ele prefere deixar o seu aparelho no silencioso e esquece de bloquear o teclado. É só ele cruzar a perna, para a coxa apertar a tecla SEND e ligar adivinha para quem? Quer coisa melhor pra quando você está deprimido que a certeza que as pessoas só te ligam sem querer.
Se o seu nome começa com A, já deve ter passado por alguma coisa parecida. Da próxima vez, nada de desligar o celular. Deixe o celular ligado e divirta-se detonando os créditos do infeliz que te ligou. E se o celular do cara for pós-pago, melhor ainda.